terça-feira, 30 de maio de 2017

Momentos Coletivos

Nesta semana, durante a participação nas turmas que estão inseridas no projeto, me deparei com atividades semelhantes. O que me incentivou a relata-las aqui.

A atividade que aconteceu em ambas as turmas foram momentos coletivos.
Esses momentos devem ocorrer sempre que houver a necessidade, sempre que se propõe fazer uma discussão e então faz um convite aos envolvidos, e é dessa maneira que acontece aqui no projeto.

Um primeiro momento, os estudantes foram convidados a participar de uma conversa sobre o que poderíamos melhorar na execução do projeto, visto que já estamos na metade final do semestre. As duas duas turmas envolvidas foram convidados a participar, em momentos diferentes, de uma conversa mediada pelos professores.

Após esse momento com todos os envolvidos, os professores se reuniram, para pensar propostas a fim de atender aos apontamentos dos alunos e refletir sobre algumas atitudes de diferentes alunos, principalmente no que diz respeito ao cumprimento dos objetivos gerais, no trabalho em equipe, na destreza no laboratório e principalmente na autonomia.

Após essa conversa entre os docentes, convidamos novamente os estudantes para dar um retorno sobre a conversa inicial. O que os estudantes mais solicitaram foi encontro com o professor especialista no assunto, o que chamamos de "aulas", isso acarretou em uma agenda semanal dessa atividade.

Já para abordar os aspectos não cognitivos, destacamos a "nuvem de conhecimentos não cognitivos" que traz ações que também deve ser trabalhada durante o semestre e propusemos uma reflexão de como avaliar critérios como: autonomia, criatividade, trabalho em equipe, pesquisa, proatividade, destreza no laboratório, entre outras, propostas pelos estudantes no início do semestre na construção das "nuvens" (que será detalhado em outro post!).

Tal reflexão gerou um outro momento coletivo, de grande aprendizado, acerca de como desenvolver esses conhecimentos e como avaliar se houve mudança desde o início do semestre. Esse momento gerou uma rubrica de autoavaliação, onde todos nós, envolvidos no projeto podemos observar quais aspectos desenvolvemos e quais podemos melhorar.

Thalita Arthur
Professora da Área de Química
30/05/2017

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Os Primeiros Passos

O projeto de inovação no curso de Licenciatura em Química do IFSP Câmpus Capivari, é fruto, dentre outros fatores, de desdobramentos das reflexões sobre educação ocorridas durante as aulas, em especial das disciplinas pedagógicas, ao longo do ano de 2016. Essas aulas suscitaram, junto aos estudantes do então quarto semestre do curso, importantes discussões acerca dos diferentes paradigmas educacionais que subjazem à prática pedagógica escolar.
Durante as aulas de Psicologia da Educação, no primeiro semestre, muito se discutiu sobre as teorias do desenvolvimento Ambientalista e Inatista em contraposição às teorias Interacionistas de Piaget e Vygotsky, que enfatizam a construção de conhecimento por meio da interação dos aprendentes entre si e com seu objeto de conhecimento, em seu processo de aprendizagem. Ainda em Psicologia da Educação, discutiu-se as teorias de aprendizagem Comportamentalista e a chamada teoria de Campo Gestalt, que enfatiza o papel ativo do estudante em seu processo de aprendizagem, e o fato de que cada indivíduo tem características próprias, necessidades, interesses, talentos e ritmos de aprendizagem diferentes, devendo isso ser levado em consideração na educação.
Os estudantes foram convidados a experimentar essas teorias na prática ao longo do curso, por meio de propostas pedagógicas mais ativas. Uma das propostas, a título de exemplo, convidava os estudantes a criar uma videoaula para apresentar os conhecimentos que eles estavam construindo acerca das teorias do desenvolvimento. Em vez de eles simplesmente assistirem videoaulas sobre as teorias para aprender (postura passiva), eles passaram a ser autores dessas videoaulas (postura ativa). O processo de produção das videoaulas, evidentemente, pressupõe não apenas a capacidade de conhecimento e compreensão dos conceitos, mas também de análise, síntese e transformação das informações sintetizadas para uma linguagem híbrida, envolvendo imagem, áudio e texto, com o suporte das tecnologias digitais.
No segundo semestre, na disciplina de Didática, os estudantes começaram refletindo sobre o próprio conceito de Didática em contraposição ao conceito de Matética, em que o primeiro pode ser definido, de forma bastante sucinta, como "A Arte de Ensinar", e o segundo, como "A Arte de Aprender". Embora possa parecer apenas um detalhe de ênfase, é curioso como a compreensão da educação como um processo de aprendizagem que pode ou não envolver um processo de ensino por parte do professor, muda completamente os papéis de estudantes e professores, as prática pedagógicas e a própria organização da escola.
É ainda mais curioso o fato de que, na educação, de um modo geral, não se discute o termo Matética. Ora, se a principal função da educação é promover a aprendizagem dos estudantes, por que não existe a disciplina Matética em vez (ou, pelo menos, além) de a Didática nos cursos de formação de professores? Por que a maior parte dos educadores sequer conhece o termo Matética?
Outras questões levantadas durante as aulas de Didática foram aprofundando essa discussão sobre novos paradigmas educacionais. Reflexões sobre concepções de avaliação e sobre escolas inovadoras também contribuíram para que o grupo passasse a questionar seu papel não apenas em sua futura sala de aula, quando estivessem formados, mas no próprio curso de formação em que atuam como alunos.
Ao final do semestre, quando o tema a ser discutido era o planejamento (Projeto Político Pedagógico, Plano Pedagógico de Curso, Plano de Ensino e Plano de Aula), simplesmente deixou de fazer sentido aprender sobre como os professores e gestores planejam o ensino tradicional, excluindo completamente os estudantes desse processo. Qual seria o propósito de se aprender sobre os velhos instrumentos de planejamento centrados no Ensino e no protagonismo dos professores depois de refletir tanto sobre a importância de se colocar o estudante no centro do processo educativo?
Nascia, nesse momento, o Projeto de Inovação na Licenciatura em Química do IFSP Câmpus Capivari.
Inicialmente a proposta era fazer um mero exercício de planejamento conjunto, em parceria entre professora e estudantes, considerando o fato de estes serem os maiores interessados em seu processo de aprendizagem, e aquela, a parceira mais experiente na disciplina. Esse exercício seria um trabalho de Prática como Componente Curricular da disciplina de Didática, imaginando como poderia ser uma disciplina nesse formato.
Definiu-se, então, que o referido planejamento seria voltado à disciplina de "Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para o Ensino de Química", que seria ministrada pela então professora de Didática, no semestre letivo seguinte (o quinto semestre do curso de Licenciatura). E já que aquilo era apenas um exercício prático de planejamento dos objetivos e conteúdos da disciplina estava sendo pensado em conjunto entre estudantes e professora, por que não se pensar em novas metodologias pedagógicas, possibilitando, por exemplo, que os estudantes construíssem percursos de aprendizagem individuais, inspirados em experiências inovadoras como as da Escola da Ponte e o Projeto Âncora, que haviam sido objeto de estudos durante as aulas de Didática?
A essa altura do processo, tanto a professora, quanto os estudantes, já estavam ficando bastante entusiasmados com a proposta, e começou-se a considerar a possibilidade de realmente implementar esse projeto inovador no semestre seguinte. Porém, embora houvesse essa vontade genuína, inicialmente a atividade seria apenas um exercício, pois, para ser implementado, dependeria da concordância de outra professora, que ministraria a disciplina em conjunto com a primeira.
Ao ser procurada para conversar sobre a possibilidade de experimentar um projeto inovador na disciplina, no entanto, a outra professora aceitou prontamente o desafio!
Esse cenário gerou a necessidade de comunicação à coordenação do curso, uma vez que, ainda que caracterizada como uma experiência pontual, impactaria a estrutura da disciplina do curso. O que ocorreu, no entanto, foi que a coordenação do curso não apenas concordou com a experiência, como também resolveu aderir, uma vez que o coordenador também lecionaria em uma das disciplinas do quinto semestre, dessa mesma turma de estudantes. Para além disso, o coordenador identificou um potencial de se implantar esse projeto piloto em todas as disciplinas do quinto semestre, desde que todos os demais professores aceitassem o desafio. E assim aconteceu.
Outros professores, de outros semestres do curso também se interessaram em participar do projeto. Porém, ponderou-se que a experiência com o quinto semestre deveria ser estruturada, implementada, avaliada e posteriormente expandida para outras séries do curso e, eventualmente, até para outros cursos do campus. No entanto, os professores do primeiro semestre decidiram implementar um formato adaptado da proposta, que ainda seria discutido. Esse formato acabou ficando igual ao do quinto semestre. Dois dos três semestres do curso, portanto, entraram no projeto, após adesão espontânea dos professores envolvidos.
A estrutura do projeto foi desenhada, portanto, em parceria entre professores e estudantes do quinto semestre, de modo que pudessem ser avaliadas não apenas as contribuições práticas dessa experiência para a aprendizagem dos estudantes e dos professores envolvidos no referido curso de Licenciatura em Química, como também a referida viabilidade de expansão para outras séries, cursos, câmpus e até instituições, especialmente considerando a estrutura relativamente engessada da maioria dos sistemas de ensino brasileiros.
Embora esses sistemas de ensino, em tese, pretendam proporcionar uma educação de qualidade, emancipadora, que promova o desenvolvimento da autonomia dos estudantes, por meio de experiências de aprendizagem significativas, voltadas não apenas para a construção de conhecimentos, mas para o desenvolvimento de habilidades e competências, valores e atitudes, eles tentam fazer isso em um ambiente muitas vezes hostil aos estudantes, desprezando seus interesses e talentos, seu ritmo de aprendizagem, suas necessidades especiais, e ainda o fazem dentro de uma estrutura demasiadamente hierarquizada, muitas vezes autoritária e excludente, inviabilizando a experiência de educação democrática que promove a formação cidadã.
No início do ano letivo de 2017, portanto, o Projeto de Inovação na Licenciatura em Química do IFSP Câmpus Capivari deu os seus primeiros passos, e desde então vem sendo construído a várias mãos, encontrando e superando obstáculos, sendo redesenhado constantemente, buscando os meios para se transformar em uma experiência que possa servir de inspiração para outras instituições ou profissionais que queiram vivenciar um processo de transformação em busca da qualidade educativa.
Nesse sentido, o Edital de Práticas Pedagógicas e Currículos Inovadores, lançado pela PRE do IFSP em março de 2017, veio absolutamente ao encontro das necessidades da equipe envolvida no projeto, uma vez que ele ofereceria não apenas o apoio pedagógico e financeiro para alavancar o projeto, mas também o reconhecimento de que a proposta estava caminhando na direção correta. Em processos de inovação, esse reconhecimento é extremamente importante, uma vez que o novo gera muita insegurança, medo de errar, e por mais que a equipe tenha consciência disso, é realmente um desafio superar esse tipo de barreira. Com o apoio da PRE, esses sentimentos são mais facilmente controlados e o encorajamento ocupa seu lugar.
A partir da próxima semana pretendemos contar cada passo que estamos dando nesse processo, tanto os bem, quanto os mal sucedidos, procurando, dessa forma, manter um relato realista, compartilhando não apenas fatos e dados, mas também a dimensão emocional dessa experiência, pois é nela que residem, na maioria das vezes, as barreiras que inviabilizam a inovação.

Paloma Chaves
Professora da Área de Educação
26/05/2017

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